Visualizando o relevo
Esse post é dedicado para quem começou a se aventurar no mundo dos modelos digitais de elevação (MDE).
Quem seguiu os passos que eu postei aqui para produzir um MDE do zero, com dados da missão SRTM, deve ter ficado um pouco desapontado com o resultado, pois a renderização padrão de camadas raster no QGIS é uma escala de cinza, muito sem graça:
Ajustando a renderização da camada
A visualização do MDE pode ficar melhor. Muito melhor. Em propriedades da camada, na aba de estilização (style), mude a rederização de banda de “banda única cinza” (singleband pseudocolor) para “banda única de pseudocores” (singleband pseudocolor). Agora a coisa começa a ficar interessante. O QGIS já vem com uma ampla disponibilidade de gradientes de cores. Além disso, é possível customizar o seu próprio gradiente.


Escolhendo o gradiente de cores e configurando máximos e mínimos
O gradiente BrBG é particularmente adequado para representar o relevo, indo do marrom em direção ao verde-azulado. Mas no QGIS é preciso inverter esse gradiente, se não as montanhas no relevo ficam azuladas, o que não é nada intutivo! Uma dica é ajustar os valores de máximo e mínimo, para melhor ajustar o gradiente para a amplitude das elevações do relevo.

Agora sim, temos uma boa visualização!

Sombreamento do terreno
Mas é possível melhorar ainda mais. Para isso vamos precisar de mais geoprocessamento e criar uma nova camada que representa o sombreamento do terreno. Existem vários pacotes que fazem esse processamento. Eu recomendo usar Hillshade do bom e velho pacote GDAL. Esse algoritmo permite simular a sombra do terreno com parâmetros do ângulo do sol (azimute e inclinação) bem como exagerar o efeito com fatores de multiplicação (como se as montanhas fossem x vezes mais altas). É um mini parque de diversões.

Isso nos gera mais uma camada, que tem essa cara:

Renderizando tudo junto
Agora vem a melhor parte. No painel de camadas, empilhe as camadas, com o MDE por cima do sombreamento. Isso vai permitir alguns truques de renderização.
Modificando o modo de mistura
Nas propriedades do MDE, aba de estilização, é possível alterar o modo de mistura com as outras camadas visíveis. Existem várias opções. A opção “multiplicar” (multiply) é particularmente útil nesse caso.

Eis o resultado:

Mudando a transparência global
Uma forma mais sutil é mudar a transparência global da camada do MDE, em propriedades da camada, aba de transparência.

Eis o resultado:

Acho que tivemos algum progresso, não?
Bônus: não perca tempo e salve suas estilizações
É claro que isso são apenas dicas. Detalhes e melhorias de uma boa visualização podem demorar horas ou dias para ficarem prontos, dependendo da sua ambição. Mas não garanta seu trabalho apenas salvando o projeto do QGIS. É possivel salvar a estilização em um arquivo separado. A extensão do arquivo de estilo do QGIS é .QML e pode ser salva e carregada separamente (como mostra o print abaixo).
Além disso, se você nomear o arquivo com o mesmo nome do arquivo raster (ou shapefile) o QGIS irá automaticamente carregar o estilo quando você importar a camada, em outros projetos. Isso com certeza poupa muito tempo inútil perdido em estilizações que já foram feitas em projetos anteriores.

Excelente post! Comecei a seguir seu blog há pouco tempo e estou gostando muito do conteúdo! Parabéns!
CurtirCurtido por 1 pessoa
Obrigado Alexandre! Em breve teremos mais conteúdo!
CurtirCurtir