Não perca tempo: transforme o QGIS em uma fábrica

Imagine um projeto de SIG que você precisa reprojetar 15 shapefiles…

… aplicar operações de buffer em alguns, clipar outros, rasterizar, etc, etc. No fim, precisa exportar 30 mapas síntese. Com outros projetos em jogo, já de cara você estima que levará três semanas e 985 cliques de cursor para finalizar essa tarefa. Soa familiar?

Bom, se você está começando a passar por esse tipo de desafio, está na hora de aplicar uma boa dose de fordismo nas suas habilidades com o QGIS: transformá-lo em uma linha produção semi-automatizada, como em uma fábrica.

Aqui vou introduzir brevemente as ferramentas disponíveis para atingir um grau superior de produtividade sem entrar na seara de programação avançada: apenas amplie o poder de sua capacidade de apertar botões de um cursor!

A boa e velha batelada

Se você quer realizar o mesmo processo de uma vez só sobre três ou mais arquivos, mesmo com parâmetros diferentes, vá de batelada ( processo em lote ou batch mode, em inglês). Eu conheço duas alternativas para acionar essa “metralhadora”:

  1. Na janela de diálogo de execução do processo, repare no botão opcional “executar como processo em lote“;
  2. Mais rápido ainda, clique com o botão direito do cursor sobre o processo desejado e seleciona “executar como processo em lote”;

Vai acontecer o seguinte: uma janela de diálogo será apresentada com uma tabela em que o usuário (você) poderá especificar uma grande quantidade de arquivos a serem processados de uma só vez. Definidos todos os parâmetros, é só apertar o botão “run” (executar) e ir tomar um café. Quando você voltar, se o processo não requerer muito da capacidade de seu computador, um lote novo em folha de arquivos processados estará lhe esperando.

Crie um fluxograma que realmente funciona

O QGIS, assim como outros softwares de SIG, possui uma interface gráfica para construção de modelos. A ideia básica é desenhar toda a sequência encadeada de processos unitários que você precisa implementar e executar de uma única vez. O resultado na prática é um novo processo mais complexo composto de processos mais simples. Além de poder entender melhor o que está acontecendo, você ainda pode salvar o modelo e enviar para seus colegas um arquivo executável (pelo QGIS).

Na caixa de processamento, observe a opção “criar novo modelo” (create new model) sob a aba Modelos -> Ferramentas (Tools). Clique ali e comece a diversão.

No início pode ser um pouco confuso mas depois que cair algumas fichas você não vai querer fazer de outro jeito. A essência é entender quais serão suas entradas e quais geoalgoritmos serão encadeados até o(s) arquivo(s) de saída. Após terminado, salve e clique na roda dentada na barra de ferramentas superior para executar o modelo.

Pensar de maneira sistemática a solução de um problema é sempre mais eficiente, mas também vai requerer um tempo fora do computador bolando esboços no papel, por exemplo.

Agora vem o mind-blowing: execute modelos em batelada

Pode parecer desnecessário dizer, mas é evidente que modelos podem ser executados por processos em lote. Dependendo do seu problema, isso simplesmente pode multiplicar sua produtividade a um nível estratosférico.

Crie e exporte um Atlas em pdf

Se o seu problema consiste em apresentar mapas padronizados para uma série de feições (por exemplo: mapas de municípios), esqueça o trabalho duplicado para editar títulos e legendas em cópias e mais cópias de compositores de impressão. Controle seu mapa por um “Atlas” no compositor de impressão. A ideia é que o Atlas será gerado “seguindo” uma camada de cobertura: a extensão espacial de cada feição da camada de cobertura são onde cada composição será gerada automaticamente. Títulos, e demais textos podem ser parametrizados para acompanhar os atributos da feição de cobertura.

Um exemplo bem simples: quero gerar um atlas dos 495 municípios do Rio Grande do Sul. Mas criar compositores de impressão para cada município é loucura! Mesmo que se façam cópias, serão 495 cópias. Aí que entra o Atlas: a camada de cobertura será o shapefile de municípios e o título de cada mapa será parametrizado para um campo de nome. 

Não é preciso parar por aqui, pois existem ainda outras maneiras de ganhar produtividade no ambiente do QGIS, inclusive com o uso de complementos (plugins). Mas creio que a grande mensagem foi dada e para aqueles usuários iniciantes essas ferramentas irão propiciar um salto fantástico na velocidade de resolução de problemas cartográficos.

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